Conferência será realizada de 28 a 30 de abril no Centro Cultural da FGV, no Rio de Janeiro, reunindo pesquisadores internacionais que buscam soluções baseadas em dados para prever e mitigar os efeitos das mudanças climáticas
Como nação que abriga a maior floresta tropical do planeta e uma das mais ricas biodiversidades do mundo, o Brasil tem um papel estratégico não apenas na preservação ambiental, mas também na produção de conhecimento científico sobre o clima. É nesse contexto que o país sedia, pela primeira vez, a Conferência Internacional sobre Informática Climática (CI2025), que acontece de 28 a 30 de abril no Rio de Janeiro. Organizado pela Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp) em conjunto com o comitê do Climate Informatics e suporte da IBM Research Brazil, o evento reúne destacados especialistas em clima e inteligência artificial (IA) para debater métodos que têm aplicação direta com segurança alimentar, previsão de desastres, políticas públicas e sustentabilidade ambiental. Para a comunidade científica, é uma oportunidade única de troca, e para a sociedade, representa avanços em soluções baseadas em dados para problemas reais.
“É relevante para a FGV EMAp organizar conjuntamente a primeira edição da Climate Informatics fora do eixo tradicional. Isso reforça o protagonismo da nossa Escola e da ciência brasileira na interface entre IA e mudanças climáticas, temas urgentes para nossa região”, destaca Dário Oliveira, coordenador da conferência e pesquisador da FGV EMAp.
A proposta de sediar a conferência no Brasil nasceu de uma colaboração consolidada entre a FGV EMAp e a IBM Research, que vem produzindo artigos, patentes e soluções conjuntas sobre eventos climáticos extremos, modelagem de riscos e IA aplicada ao clima.
De acordo com o pesquisador Ricardo Barros Lourenço, integrante da comissão organizadora do evento, a Climate Informatics tem se firmado como uma conferência essencial por unir, em um ambiente comum, cientistas da computação e especialistas em áreas físicas como meteorologia, climatologia, hidrologia e sensoriamento remoto.
“A CI promove um espaço de diálogo interdisciplinar mais focado e isso é especialmente importante, pois ainda há falta de integração entre a computação e as geociências”, destaca Ricardo, que atua como editor de Comunicações da Environmental Data Science, uma publicação acadêmica da Cambridge University Press.
Para os pesquisadores, o evento tem funcionado como um verdadeiro catalisador de inovações, especialmente em temas como modelos preditivos, aprendizado com dados esparsos, simulações baseadas em IA e integração de dados multisensores.
Um exemplo emblemático foi a edição de 2024, no Reino Unido, quando pesquisadores da DeepMind apresentaram, em primeira mão, o modelo GenCast que viria a superar o até então mais preciso modelo meteorológico operacional, o ENS, do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF). O artigo final foi publicado apenas em 2025, na revista Nature.
“Ter acesso a esse tipo de resultado antes da publicação permite que grupos de pesquisa discutam avanços de forma crítica, identifiquem limitações e ajustem suas abordagens em tempo real. Isso acelera o progresso científico sem abrir mão da confiabilidade”, relata Ricardo.
A CI 2025 ocorre no Centro Cultural da FGV, no Rio de Janeiro, contando com uma programação que inclui sessões sobre oceanografia, hidrologia, sensoriamento remoto, tempo e clima, impactos sociais e estudos regionais | Imagem: FGV
Destaques da programação
A programação deste ano foi estruturada para refletir os desafios e oportunidades da ciência climática aplicada. Um dos painéis mais esperados é o de modelagem meteorológica e aplicações práticas, que tradicionalmente reúne os avanços mais relevantes da área e que nesta edição ocorrerá na terça-feira (29).
Na quarta-feira (30) pela manhã, o painel “Societal Impacts” terá como destaque o trabalho “A Multimodal AI Model for Understanding the Climate-Driven Insurance Crisis across the U.S.”, que apresenta um modelo para prever o risco climático em prêmio de seguros e também taxas de não renovação desses contratos. A proposta visa tanto diversificar o mercado segurador quanto apoiar gestores públicos na mitigação de riscos financeiros induzidos pelo clima.
Além das sessões técnicas, a CI contará com tutoriais e workshops voltados à formação de jovens pesquisadores e à disseminação de ferramentas de ponta para uso em diferentes contextos climáticos.
Assim como em outras edições, a CI2025 será realizada em formato híbrido, com participação presencial e online, ampliando o alcance e promovendo valores como ciência aberta, interdisciplinaridade e colaborações que ultrapassam fronteiras institucionais e geográficas.
A Informática Climática está centrada na descoberta das ciências climáticas com métodos de última geração em Ciência de Dados e Computação Científica | Imagem: National Oceanic and Atmospheric Administration
Inscrições
Estudantes de graduação interessados em participar da Conferência Internacional sobre Informática Climática (CI2025) podem optar pela modalidade online, com taxa de R$750,00, ou presencial, com valor de R$950,00. Para profissionais, as inscrições custam R$1.950,00 na modalidade online e R$2.250,00 para participação presencial. Os pagamentos devem ser realizados por meio da plataforma FGV Eventos, com cartões de crédito Visa ou Mastercard.
Climate Informatics 2025
Quando: de 28 a 30 de abril de 2025
Onde: Centro Cultural da FGV - Praia de Botafogo, 190 - Rio de Janeiro - RJ
Links importantes: Inscrições | Programação | Site oficial do evento
Dúvidas? Entre em contato pelo e-mail ci2025@climateinformatics.com.br